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Trovadorismo

 

Trovadorismo: O Trovadorismo é considerado o primeiro movimento literário escrito na língua portuguesa (galego-portuguesa, na época).No entanto é de se supor que tenha havido anteriormente outras produções que não chegaram ao nosso conhecimento, pois naquele tempo tudo era transmitido apenas oralmente, já que não existiam ainda meios de divulgação pela escrita. O que chegou a nós devemos as três coletâneas: “O Cancioneiro da Ajuda” (do século XIII); “O Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa” e “O Cancioneiro da Vaticana”, ambos do século XVI. Apesar de haver diversas teses sobre a chegada do Trovadorismo a Portugal, a mais aceita é a de que tenha vindo da França, da cidade de Provença (daí, poesia provençal), onde o poeta era chamado de torubadour. À principal produção literária desse período dá-se o nome de cantiga, pois as poesias eram feitas para ser cantadas pelos chamados jograis. Fonte: Griffi, Beth, Português 1, 1ª edição, editora Moderna. Momento Histórico: O Trovadorismo estende-se do final do século XII ao inicio do século XV. Foi a partir do século XI que Portugal iniciou movimento de independência: logo, o inicio da chamada literatura portuguesa praticamente coincide com a consolidação da independência do país. Na época, a base de produção era feudal e a agricultura era a atividade preponderante. Tínhamos a chamada aristocracia feudal, representada pela nobreza e pelo clero, e os agricultores (colonos ou servos). Em locais como Lisboa, Porto, Coimbra e Santarém, já desenvolviam atividades mercantis, em função de sua posição geográfica, que propiciava contato com outros países da Europa. Fonte: Griffi, Beth, Português 1, 1ª edição, editora Moderna. A cultura e a sociedade: Em função do domínio e do poder da Igreja Católica, conseguidos graças as suas riquezas, posse de terras e principalmente por serem os sacerdotes as únicas pessoas letradas, foi vinculada no povo a ideia de que a sociedade era dividida em partes desiguais porque “Deus queria”. Logo, lutar para mudar de classe social seria o mesmo que lutar contra a vontade divina. Dessa forma, evitavam-se conflitos sociais e garantiam-se a autoridade e o poder para quem os detinha: a nobreza e o clero. Entre a nobreza, havia os chamados vassalos. A relação de vassalagem envolvia o suserano (doador de terras) e o vassalo (nobre que as recebia), num acordo que a gerava direitos e obrigações de ambas as partes. Embora esse processo criasse, socialmente, uma bola-de-neve, já que o rei doava terras à grande nobreza, esta doava uma parte à pequena e assim por diante, o que nos importará na literatura é que essa submissão do vassalo será transportada para a relação amante/ amada, pois o trovador se colocará como vassalo da mulher amada. Quanto à cultura predominante dita, as poucas escolas que existiam eram destinadas, sobretudo à formação de religiosos. Como não havia a imprensa, os livros eram copiados a mão em folhas de pergaminho, sendo os textos escritos em latim. Para as massas populares, havia apenas transmissão oral de conhecimentos, levada por artistas ou por pregadores religiosos. Os jovens da nobreza que desejassem instrução superior tinham de apelar para as universidades estrangeiras, existentes desde o início do século XII. Fonte: Griffi, Beth, Português 1, 1ª edição, editora Moderna. Características principais da produção artística: • Predominância de arte poética (dos trovadores), ou seja, escreveu-se mais em verso que em prosa; • Presença do ambiente campestre; • Lirismo amoroso; • Remissão a aspectos da vida na Corte, onde se encontava os nobres; • Presença constante do aspecto religioso, do apelo a Deus; • Teocentrismo (Deus como centro do universo), em função da influência da Igreja Católica. Em tudo valia a “vontade” de Deus; • Lamentos de amores impossíveis ou perdidos; • Refrãos (repetição de um ou mais versos ao final de cada estrofe); • Atos heroicos dos cavaleiros (novelas de cavalaria). A predominância nessa época foi do poema, normalmente associado à música e, por isso, denominado cantiga. Havia a criação lírico-amorosa (cantigas de amigo e cantigas de amor) e as satíricas (cantigas de escárnio e de maldizer). Cantigas Líricas: De amor: Na cantiga de amor, o “eu-lírico” ou “eu-poético” é masculino, ou seja, a pessoa que fala no poema é um homem. Seu tema é geralmente o lamento por um amor não correspondido ou mesmo impossível, no caso de a mulher amada ser de uma classe social superior à do trovador (daí a vassalagem, pois ele a trata com servidão: “mia senhor” ou “mia dona”). Temos, então, a coita d’amor, isto é, os sofrimentos acarretados por esse amor “impossível”. Nesse tipo de cantiga, a sensualidade aparece velada, enquanto a dama e os sentimentos são colocados num plano quase divino: o trovador usa de discrição, tanto ao confessar seu amor quanto a manter no anonimato o objeto desse amor (regras de “amor cortês”, de influência provençal). De amigo: Nas cantigas de amigo, o eu-lírico ou eu-poético é feminino, embora o autor seja sempre o trovador, tendo em vista que as mulheres, sobretudo as presentes nas cantigas – geralmente pastoras ou camponesas--, sequer eram alfabetizadas. É perceptível, no entanto, com que propriedade os trovadores compunham colocando-se no lugar de uma mulher e expressando os sentimentos sob o ponto de vista feminino. Nessas cantigas, o amor geralmente não é correspondido também, encontrando-se a mulher ou traída (muitas vezes pelo próprio trovador) ou distante de seu amante (amigo, namorado), por este ter partido a serviço do suserano, para uma guerra. Nota-se com frequência nesse tipo de composição a presença marcante da natureza em todas as suas formas, servindo de confidente ou de cenário, mas sempre numa relação muito intima com o eu-poético. Cantigas Sátiras: De escárnio e de maldizer: As cantigas de escárnio e de maldizer são sátiras diretas (maldizer) ou indiretas (escárnio), que objetivam criticar ou ridicularizar alguma pessoa. Abordaram geralmente aspectos de vida na Corte ou do ambiente boêmio. Por essas características, não fica difícil concluir que havia, nessas cantigas, certa liberdade com relação à linguagem, cabendo inclusive o baixo-calão. Nota-se, porém, que muitas dessas cantigas espelham o ambiente social da época. Novelas de cavalaria: As novelas de cavalaria originaram-se de cantigas que relatavam aventuras de amor e de cavaleiros, que foram depois redigidas em prosas. As mais conhecidas, no entanto, foram traduzidas do francês e adaptadas ao ambiente português. São elas: “História de Merlim”, “José de Arimatéia”, “A demanda do Santo Graal”, que pertencia a uma trilogia integrada por Lance-lote e A morte do Rei Artur. Fonte: Griffi, Beth, Português 1, 1ª edição, editora Moderna. Principais obras e autores do Trovadorismo: Cantiga de amor: “A Ribeirinha”, de Paio Soares de Taveróis: No mundo non me sei parelha, entre me for como me vai, Cá já moiro por vós, e – ai! Mia senhor branca e vermelha. Queredes que vos retraya Quando vos eu vi em saya! Mau dia me levantei, Que vos enton non vi fea! E, mia senhor, desdaqueldi, ai! Me foi a mi mui mal, E vós, filha de don Paai Moniz, e bem vos semelha Dhaver eu por vós guarvaia, Pois eu, mia senhor, dalfaia Nunca de vós houve nem hei Valia dua correa. Cantiga de amigo: D. Dinis, com a obra de titulo desconhecido: Ai flores, ai flores do verde pinho se sabedes novas do meu amigo, ai deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado, ai deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquele que mentiu do que pôs comigo, ai deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquele que mentiu do que me há jurado ai deus, e u é? Cantigas de escárnio: “Dona Fea”, de João Garcia de Guilhade: Ai, dona fea, foste-vos queixar que vos nunca louv[o] em meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia!… Cantigas de maldizer: Pedro Garcia Burgalês, com a obra de titulo desconhecido: Roi queimado morreu con amor Em seus cantares por Sancta Maria por ua dona que gran bem queria e por se meter por mais trovador porque lhela non quis [o] benfazer fez-sel en seus cantares morrer mas ressurgiu depois ao tercer dia!…

Fonte: http://www.estudopratico.com.br/trovadorismo-caracteristicas-autores-e-obras/

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